Parceria entre Unicamp e Embrapa resulta em uma nanoemulsão acaricida e repelente de carrapatos
Produto, obtido a partir de um análogo sintético do espilantol, apresentou resultados superiores às formulações obtidas do extrato de Acmella oleracea
Uma parceria entre a Unicamp e a Embrapa resultou na produção de um acaricida e repelente de carrapatos para ser utilizado nos campos da veterinária e controle de ácaros em bovinos. A invenção trata-se de uma nanoemulsão contendo um análogo sintético do espilantol, substância obtida a partir da erva Acmella oleracea, popularmente conhecida como Jambu ou Agrião-do-Pará, e que possui atividade contra larvas e adultos de carrapatos dos tipos Rhipicephalus microplus e Amblyomma sculptum.
A espécie de carrapato Rhipicephalus microplus é, atualmente, o mais importante ectoparasita de bovinos no Brasil, sendo a responsável pela transmissão de babésias, anaplasmas e agentes causadores da erliquinose, levando a sérios impactos na saúde dos bovinos e na qualidade dos seus produtos. Já os carrapatos da espécie A. sculptum têm grande importância por serem vetores da Theileria equi, um dos agentes etiológicos da piroplasmose equina, e devido às suas fases larvais e ninfais parasitarem humanos.
Embora haja uma busca por alternativas naturais que substituam os métodos de controle químico de ácaros, os produtos à base de plantas também apresentam desvantagens, como compostos altamente voláteis e limitação da eficácia a longo prazo. Por esse motivo, a nanotecnologia tem se mostrado uma ferramenta útil para reverter essas características, a partir de nanoformulações que melhoram a biodisponibilidade de moléculas, protegem o composto ativo de degradação e, em alguns casos, conseguem mascarar o sabor desagradável do princípio ativo.
A escolha pelo uso do análogo sintético do espilantol ocorreu devido ao fato deste apresentar processos de produção mais rápidos e efeitos biológicos superiores ao extrato da planta e a outros análogos e híbridos, sobretudo sobre as fêmeas alimentadas de R. microplus. Dessa forma, a nanoemulsão poderá ser produzida em escala comercial, sem a dependência do plantio da Acmella oleracea, da produção do extrato ou do isolamento da substância a partir dele, resultando em um maior controle de qualidade do carrapaticida desenvolvido.
Vale ressaltar ainda que a síntese da nanoemulsão foi realizada por meio da utilização de componentes não tóxicos aos hospedeiros, de baixo custo e amplamente disponíveis no mercado. Adicionalmente, a substância obtida não apresentou o sistema diênico presente na estrutura do espilantol obtido do extrato da planta, o que significa que ele não está sujeito a reações de oxidação comuns a este tipo de estrutura química.