Nervos situados em membros periféricos do organismo apresentam capacidade de regeneração espontânea quando lesionados, ou seja, quando há interrupção dos impulsos nervosos ou perda da comunicação com os nervos sensoriais e motores. Contudo, apesar dessa capacidade natural, há fatores que podem interferir nesse processo e impedir que a regeneração ocorra, como a extensão do comprimento da lacuna do nervo lesionado, o tempo decorrido entre a lesão e o reparo, a idade do paciente, entre outros.
Além disso, o tratamento atual com os melhores resultados na regeneração neural, o autoenxerto, apesar de não oferecer rejeição imunológica, enfrenta limitações como a possibilidade de originar doenças e de perder a sensibilidade no local do nervo doador, o risco de infecção no local do enxerto, a exigência de múltiplos procedimentos cirúrgicos e sua limitação a lacunas inferiores a 5 cm, entre outras desvantagens.
Para contornar essas limitações e buscar soluções para lesões neurais mais extensas, sem risco de rejeição para o paciente, pesquisadores da Unicamp desenvolveram condutos de guias neurais (CGN), que atuam como estruturas temporárias e servem de condutores-guia para a regeneração neural em tecidos de nervos periféricos. Esses condutos são produzidos a partir da combinação de técnicas de manufatura aditiva (impressão 3D) e de rotofiação (produção de fibras ultrafinas) a partir de polímeros bioabsorvíveis, com a possibilidade de conterem fármacos anti-inflamatórios.
Os condutos guias cilíndricos desenvolvidos auxiliam com eficácia a regeneração dos nervos. Além disso, eles cumprem os principais requisitos de um conduto ideal e garantem a eficácia da regeneração, pois são biocompatíveis com o organismo, são biodegradáveis na medida adequada, têm resistência mecânica, são permeáveis para garantir o transporte de oxigênio e de nutrientes para o interior do canal ou de resíduos para fora, entre outros requisitos.